

Carmelo do Espírito Santo
Encerradas combatemos pelo Senhor! (Santa Teresa)

Santa Teresinha e o Domingo
Quando falamos e pensamos em Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face logo nos vem à mente não coisas grandiosas ou novidades, mas sim a vida cotidiana, simples e ordinária.
Neste mês de junho talvez seja oportuno refletir brevemente sobre a centralidade da Eucaristia dominical na vida e semana de Teresinha. Vamos precisamente colher os dados que ela nos oferece em seus manuscritos autobiográficos sobre como vivia o Domingo.
A semana inicia com o Domingo, o dia do culto a Deus e portanto dia de participação na Missa. O Santo Padre Bento XVI tem insistido em diversas ocasiões sobre a centralidade da Missa dominical na vida do católico. Nenhuma novidade, não é? Pois bem, Teresinha manifesta-se a este respeito? Como sempre Santa Teresinha nos fala e ensina com seu testemunho, com sua experiência de vida na intimidade com Deus.
Para nossa Santa o Domingo era primeiramente festa. Falando das festas dizia gostar sobretudo das procissões com o Santíssimo, mas ela se detém particularmente a descrever como era em sua infância a festa do Domingo. Tomemos suas próprias palavras: “ As festas! ah! as grandes eram escassas, mas cada semana trazia uma que me era muito querida: “o domingo”. Que belo dia o domingo!... Era a festa de Deus a festa do repouso.” Em seguida conta como nesse dia era cuidada com carinho pela irmã Paulina e o terno beijo que recebia de seu pai, e continua: “e toda a família saía para a Missa”. E prossegue sua narrativa detalhando como era o percurso, a acomodação na igreja e a atenção que colocava nas homilias embora pouco entendesse. Mas colhamos a frase que aparece como central no parágrafo citado: “toda a família saía para a Missa”. Toda a família, a família unida, saía para a Missa dominical. Eis o momento culminante do Domingo de Teresinha e de toda a sua família. Este é um costume salutar que seria oportuno recuperar em nossos dias: reunir a família e todos juntos dirigir-se à igreja para a Missa no dia de festa que é o Domingo.
Santa Teresinha reconhece o Domingo com a “festa do repouso”, e alegra-se por isto. Hoje é freqüente separar no dia do Senhor o repouso do culto. Como disse um padre certa vez: “o Domingo virou o dia da preguiça”. Missa e repouso juntos combinam bem no Domingo. Converter o Domingo em dia só de lazer e repouso sem a Missa é destituí-lo da sua finalidade.
E retoma Teresinha: “Volto a meu domingo. Esse belo dia que passava tão depressa tinha também sua nota de melancolia. Recordo-me de que minha alegria era total até Completas (oração litúrgica que antecede o repouso noturno). Durante esse ofício, pensava que o dia do repouso chegava a seu final... que no dia seguinte seria preciso recomeçar a vida, trabalhar, estudar, e meu coração sentia o exílio da terra...ansiava pelo repouso eterno do Céu, para o Domingo sem ocaso na Pátria!...” Aqui a Santa volta ao repouso, mas ao “repouso eterno do Céu”, ou seja o repouso definitivo e pleno em Deus. O Céu, a felicidade eterna em Deus na sua casa, para ela é o “Domingo sem ocaso”. E na seqüência recorda os serões de inverno, sobretudo aos domingos.
Vemos como em Santa Teresinha não há piedade afetada, ela é plenamente humana, sabe apreciar o descanso, a festa, o convívio e o carinho familiar, por tudo isto alegra-se e dá louvores a Deus. Ela destaca e distingue o que é fundamental no dia do Senhor, a Missa, saboreia e vislumbra “o Domingo sem ocaso na Pátria” e ao mesmo tempo sabe gozar o que é humano e próprio desta vida terrena. Portanto viver o Domingo santamente comporta viver todos estes elementos queridos para nós pelo bom Deus. O Domingo é verdadeiramente festa de Deus e festa do repouso.
Madre Maria Ana (Carmelo de Campinas)